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Pianista Neusa França morre aos 95 anos em Brasília

A artista e professora, conhecida pela generosidade, é compositora do Hino de Brasília




A pianista Neusa França faleceu na tarde desta terça-feira (8/3), aos 95 anos. Ela esteve internada por um mês e oito dias no hospital Santa Luzia, onde sofreu um Acidente Vascular Cerebral e teve várias intercorrências nesse período. Grande figura do cenário artístico de Brasília, Neusa deixou um legado expressivo para músicos iniciantes e experientes. Ainda não há horário definido para o funeral.

Mestre de vários pianistas da cidade, Neusa França é lembrada pela generosidade e ouvido apurado para descobrir talentos. Nascida em Campos (RJ), a pianista viveu em Brasília por cerca de 55 anos. Antes da mudança para a capital, ela já tinha emprego garantido. Passou em primeiro lugar para ser professora de música em Brasília, em concurso público, feito no Rio de Janeiro. 



Vida dedicada à música

Tornou-se então a primeira a dar lições dessa arte no DF. Atuou como professora no Caseb, a primeira escola de ensino fundamental de Brasília, e também no Colégio Elefante Branco. Durante 15 anos, inseriu a música no cotidiano de meninos e meninas, pobres e ricos, da nova capital. Chegou a dar aulas de graça, por vontade de lapidar talentos, como um dia fizeram com ela. 

A pianista começou a tocar quase por acaso. Aos 7 anos, estava em Niterói (RJ), em uma casa de praia com a família, perto de um conservatório de música. Depois, veio a formação profissional, pela Escola Nacional de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ela obteve a primeira classificação em educação musical pelo Conservatório Villa-Lobos, onde ganhou diploma de alta virtuosidade e interpretação pianística, concedido pela renomada pianista Magda Tagliaferro (de quem Neusa se tornou, além de aluna, assistente). Neusa estudou e apresentou-se também fora do Brasil. Suas mãos habilidosas ganharam reconhecimento por onde passaram.


Ensinamentos
Após anos de estudo, era hora de repassar o conhecimento. Em 1959, quando pisou em Brasília pela primeira vez, Neusa tinha a aparência de uma diva do cinema clássico. Mas vivia uma realidade nem tão glamorosa. Trabalhava de segunda a sexta-feira, nos dois colégios públicos. Aos sábados, recebia alunos em casa, muitos deles de graça. Assim como fizeram com ela um dia.

Neusa veio em uma Kombi do Rio de Janeiro para Brasília, para acompanhar o marido, o advogado Oswaldo França, pai de seus três filhos e de quem ficou viúva em 1988. Moraram durante dois anos em uma casa simples na W3 Sul, ainda em obras. 

À época, Oswaldo trabalhava como procurador federal e havia sido transferido do Rio de Janeiro para a nova capital. Trabalhou como secretário do então ministro chefe da Casa Civil, Victor Nunes Leal, no governo de Juscelino Kubitschek. A família França passou a conviver com JK. 

A relação profissional trouxe proximidade entre Neusa e a mulher de Victor Nunes Leal, Julimar. Foi a amiga quem sugeriu, meses antes da vinda a Brasília, a Neusa que ela compusesse uma música em homenagem à cidade. A pianista compôs também o Hino do Caseb, interpretado ainda hoje nas celebrações referentes à escola mais antiga da capital.



Fonte: http://www.correiobraziliense.com.br



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